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PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

  • O teto caiu?
    Suelen Aires Gonçalves
    Socióloga e professora universitária

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    O texto da "Coluna Plural" da semana dedica-se ao tema da "PEC do Calote/ PEC 23", ação proposta de "Emenda à Constituição" em relação ao parcelamento dos precatórios. A Câmara dos Deputados aprovou, na noite da última terça-feira, 9 de novembro, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

    A proposta permite o parcelamento de precatórios e altera o cálculo do teto de gastos, liberando R$ 91,5 bilhões para o orçamento do próximo ano. O texto-base foi aprovado por 323 votos a favor, com 172 votos contrários e uma abstenção.

    ESCÂNDALO

    O texto aprovado na Câmara dos Deputados segue para análise do Senado, onde também precisa ser aprovado em dois turnos, com, pelo menos, dois terços de votos favoráveis. A PEC apresenta-se como uma possibilidade de tentativa de barrar derretimento da popularidade do presidente Bolsonaro. Ou seja, é literalmente, um golpe eleitoral em 2021 para avançar em 2022.

    Estamos diante de um escândalo que equivale a dar um cheque em branco para o governo gastar cerca de R$ 95 bilhões no ano eleitoral de 2022, derrubando o teto de gastos. Permanecemos sujeitos a um projeto eleitoral e demagógico para garantir o tal Auxílio Brasil, por apenas um ano, deixando na incerteza, já em 2023, milhões de pessoas que já estão numa situação precária com o fim do bem-sucedido Bolsa Família.

    CALOTE

    O teto caiu? A PEC 23 é um calote nas dívidas judiciais e, em síntese, não passa de um golpe eleitoral de Bolsonaro para tentar brecar o derretimento de sua popularidade em queda constante. Precisamos reagir a esse escândalo, urgentemente e sempre..

    Quando envelhecemos?
    Silvana Maldaner
    Editora de revista

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    Naturalmente, sabemos que o corpo humano vai envelhecendo e as células vão morrendo e sendo substituídas. Com o passar dos anos, a vitalidade não é mais a mesma, os órgãos podem não responder mais com a mesma eficiência e o corpo físico todo vai morrendo aos poucos. Mas quando que somos velhos? Quando que devemos parar? Em que momento da vida somos descartáveis?

    Tenho lido muito sobre este assunto e me chama a atenção a maneira como as pessoas decidem viver ou terminar a vida. Muitos podem me perguntar, mas eu nem pensei sobre isto. Não decidi nada, ou pior, não aceitam que vão envelhecer.

    Tudo na vida é decisão. Conheço pessoas de 30 anos bem velhas. Muito velhas. Idosas mesmo. Intransigentes, impertinentes, cansadas, sem viço, sem brilho, sem planos, sem metas e sem euforia. Conheço, também, pessoas de 90 anos bem jovens. Cheias de vitalidade, disposição, alegria e motivação para viver.

    Acredito muito que o estado mental e atitude pessoal tenha poder determinante no envelhecimento. A acomodação e a preguiça, geralmente, resultam em pessoas que fazem pouco e qualquer atividade representa esforços demais. Pessoas pessimistas e tóxicas, também, tendem a adoecer mais rápido e a se recuperar com mais lentidão.

    Quando o ser humano entender que não existe nada fora de si, que tudo vem de dentro vai entender que é possível envelhecer com dignidade, saúde e, acima de tudo, vivificando a melhor idade da vida. Que alia experiência, maturidade e aproveitamento do tempo. O sábio não perde tempo com miudezas. Sabe que o tempo não volta, e o que tem de mais precioso é o tempo. O tempo vale mais que dinheiro.

    Quando converso com pessoas com bastante experiência de vida, percebo que tudo na vida são escolhas mesmo. Uma pessoa rabugenta também pode ficar velha. Uma pessoa mentirosa, sem escrúpulos também pode ficar velha. Uma pessoa que passou a vida na frente de uma televisão ou fofocando também pode chegar na terceira idade. O que me refiro que o plantio de uma vida será colhido. Seja no corpo ou na mente. E, também, nas relações afetivas cultivadas ou não.

    Uma pessoa que nunca teve tempo para cultivar a gentileza, o carinho e afeto não pode esperar muita benevolência com parentes e amigos procrastinados.

    Uma pessoa que nunca pensou em cuidar de sua saúde e a fazer escolhas mais inteligentes também vai colher os efeitos dos excessos. Seja no fígado, pulmão, estômago ou coração.

    Não tenho certeza de como serei ou estarei na minha velhice, mas tenho procurado todos os dias ter mais consciência da minha finitude, do tempo transitório da minha existência e compreender que a saúde é um resultado de alimentação, atividades físicas, mentais e espirituais. Também entender que além do cuidado consigo, é preciso regar as plantinhas de afeto com familiares, amigos e pessoas que são importantes.

    E, se porventura, ainda assim, eu for jogada em algum asilo, quero pelo menos poder contar piadas para as companheiras de quarto ou ser a palhaça da turma, pois ninguém merece conviver com gente amargurada.


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